segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Souvenirs

A linguagem fatigante é o meu ser.

Busco sombras e me desloco do passado
em nuvens rosas congestionadas,
gelo esverdeado.

A luz penetra com força temporal,
mas o sorriso, por vezes, me coloca
na antiga cruz emoldurada.

Ah, lembranças que se repetem entre as cores!

Lúcida languidez:
busca encarnada na brusca esfera local.


A doçura do caos

O intercambio cambaleia na unidade das flores.
As folhas perdem a sua verdura para a ardência momentânea do caos.

Onde se escondem os corpos materializados?
Se tão belos,
entre fumaças:
sinto vejo toco
em gritos transversais.

Se as imagens em nuvens se apresentam
em mim, repetem-se
como humanas e imortais. 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Interlúdio

    Entrei. A pequena porta, embora fechada, veio me convidando. Minha cabeça estava cheia, assim como o ambiente. Sentei-me. Pessoas ao meu lado, com o olhar parado, sorviam a fumaça inebriante dos cigarros e bebiam o líquido dormente.
    Do outro lado do balcão, chegou um copo, com  leve presteza: o sorriso fugia dos lábios do garçon para se refugiar em seus olhos. COMPROMISSOS, COMPROMISSOS ... A vida é toda preenchida, não resta um buraquinho, um espaçozinho, no mundo atual. Ao lado, um semelhante me contava anedotas para enganar nossas convicções inquisidoras. Com o verbo carregado pelo bafo etéreo, ele sorria escandalosamente enquanto o olhar  triste reclamava.
    Outro copo me chegava à mão. Eu já ia me despedindo da claridade claustrofóbica, da minha rotina diária. E de repente, viisualizava a todos:  tão ingênuos, tão inocentes! Todavia, a garrrafa caiu. quebrou-se na mesa próxima, fez-se em mil pedacinhos, tão pequenininhos, invisíveis. O senhor ao lado sangrava, pois um caco impertinete tocou com firmeza a sua mão. A visão foi tão lenta e enternecida! Aquele homem achou bela a cena que se estampara em sua frente: "foi no ímpeto de encher o copo, e o suor da garrafa venceu seu habitual, porém não hábil movimento... Então, ela está estatelada no chão, brusca e impaciente às melancolias; farta do rítmo constante do dia". Já éra noite! Sôfrega, a mão se abaixou para acariciar o líquido perdido, precioso, corrompido. O cheiro derramado embriagou o soluço do amigo.
    No deslisar dos dedos sobre a garrafa, um caco sinuoso penetrou na carne adormecida. Foi o suficiente para provocar o desapontamento da vermelha embriaguez. O homem levantou-se de seu lúgubre interlúdio. descompassado, foi embora cambaleando. Mas convicto, na reta direção de casa. E assim quis de novo, encontra-se no exercício habitual dos acontecimentos.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Constâncias

Teria eu um olhar tão sarcástico, cáustico
para me olhar assim?
Em seus olhos profundos, fundos latifúndios
senti tantos pesares em fim.

Em sua boca miúda, muda
cabem muitas palavras
curtas, largas
sobre mim.

Mas se você é outro
não aquel'outro
vem e se afasta,
Bem-que-se-quis.

E eu fico presa em suas retinas
sua pupila nem imagina ...

todavia, denuncia:
que sentes saudades,
Querubim!

Dormência

Sonhava ...
mil imagens nebulosas;
duas mil paisagens coloridas;
dez mil flores partidas;
trinta mil doces despedidas;
cem mil sorrisos escancarados,
e um milhão de estrelas
em uma noite aquecida
de um breve despertar...

Pinturas rimadas

Fiz de você uma mancha, seu retrato caiado,
mas de raio apurado,
colorido em véu.

Fiz de você várias ondas
brinquedos e sombras,
sorridentes em papel.

Dancei uma dança escondida
bem lenta,
sofrida,
mas sem saltos-cinzel.

Faço de mim alvorada,
alva calada,
luz entre sombras
ao léu.

domingo, 26 de junho de 2011

Intermitencias

Não era bem o que eu esperava ...
Entre as palavras frias que congelaram as minhas expectativas,
já havia me tornado um corpo congelante perante os reflexos de sua vida.

Se antes ele representou para mim
melodia sedutora
na qual me embalei por segundo e minutos
eternos em minha memória desdobrada;
depois se tornou o Anjo Negro da Morte.

Ah! Se não sofri,
foi um tapa que faz da pele um roxo,
cujo sangue estancado por dentro denuncia violência e covardia.

A mesma face que suportou a dor
vergonhosa, calada, mas gritante.

Foi de repente.
ele veio como um sopro que ri,
segurou a minha mão e,
docemente marcou o meu rosto com um beijo.

E agora, me diz: O que ele é para mim?